terça-feira, 19 de outubro de 2010

NEVER MORE



O ESTORVO


Estava eu nascendo,

Quando a grave voz do profeta

Se fez ouvir, dizendo:

- Mau poeta, mau poeta


Mesmo assim fui insistindo,

com a pena penando, me iludindo,

Me achando o Rei da Cocada Preta

Até que meu amigo George "Never" Passos

Discorrendo sobre rimas e compassos

No Masini, sentando o braço,

Apresentou-me o belo Corvo.


E lendo o belo Corvo,

E relendo o belo Corvo,

Vi que até hoje prás letras

Não fui mais que um estorvo.


Um enganador, um pateta.

Resolvi virar anacoreta

Ou ciscar em outros quintais.


E se um dia me perguntarem,

Se realmente perguntarem,

-E escrever novamente

Quando vais?

Como já passei da conta

Já terei resposta pronta:

-Nunca mais, nunca mais...

Jorge Missagia



Leia aqui o poema "O Corvo" de Edgar Allan Poe em tradução de Machado de Assis:

http://pt.wikisource.org/wiki/O_Corvo_(tradu%C3%A7%C3%A3o_de_Machado_de_Assis)


Um comentário:

Fábio disse...

Grande chefe,
Um abraço para você e família.
Acho que "O Corvo" não pode apagar essa chama poética, pois o "never more" se encontra com outras palavras (ou outras palavras de outros): "se o amanhã é distante" (Tomorrow Is A Long Time - Bob Dylan), que "seja eterno enquanto dure (Vinícius)".
Grande abraço!
Fábio.

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