O ESTORVO
Estava eu nascendo,
Quando a grave voz do profeta
Se fez ouvir, dizendo:
- Mau poeta, mau poeta
Mesmo assim fui insistindo,
com a pena penando, me iludindo,
Me achando o Rei da Cocada Preta
Até que meu amigo George "Never" Passos
Discorrendo sobre rimas e compassos
No Masini, sentando o braço,
Apresentou-me o belo Corvo.
E lendo o belo Corvo,
E relendo o belo Corvo,
Vi que até hoje prás letras
Não fui mais que um estorvo.
Um enganador, um pateta.
Resolvi virar anacoreta
Ou ciscar em outros quintais.
E se um dia me perguntarem,
Se realmente perguntarem,
-E escrever novamente
Quando vais?
Como já passei da conta
Já terei resposta pronta:
-Nunca mais, nunca mais...
Jorge Missagia
Leia aqui o poema "O Corvo" de Edgar Allan Poe em tradução de Machado de Assis:
http://pt.wikisource.org/wiki/O_Corvo_(tradu%C3%A7%C3%A3o_de_Machado_de_Assis)
Um comentário:
Grande chefe,
Um abraço para você e família.
Acho que "O Corvo" não pode apagar essa chama poética, pois o "never more" se encontra com outras palavras (ou outras palavras de outros): "se o amanhã é distante" (Tomorrow Is A Long Time - Bob Dylan), que "seja eterno enquanto dure (Vinícius)".
Grande abraço!
Fábio.
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