Pintura: "A vitória comanda o povo" - Delacroix
Para Luna
Silencio!
A poesia se levanta entre os escombros.
Em atentados contra o pudor
Por entre as placas de outdoor
Inserida nos reclames
Ela ressurge,
Nas praças, nos prostíbulos,
No murmúrio das tavernas
Nas lápides dos jazigos
Em disritmia, em convulsões,
Como um salto no abismo
Até que enfim ela acontece!
Temerosa, grito paralisado,
Removendo pedras, cortando campos,
Ela caminha.
Nos coletivos, na multidão, no gemer dos trilhos,
Transita.
Em filas, adoentada, espera.
Em andrajos ou de jóias revestida, desfila.
Em escalas sincopadas, nos tambores primitivos,
Na periferia, remixada, ela dança.
Lavando roupa, varrendo as ruas, vendendo o corpo,
Sobrevive.
Diante das faces mal dormidas, frente a esfinges desgrenhadas,
Em papéis amarelados, em garrafas no mar,
Nos monitores, em telas de cristal,
Ela pergunta.
Debaixo das saias, detrás das blusas, sob os véus,
Se esconde.
Em todo o teu corpo, em tua fala, em ti,
Ela se expressa.
Jorge Passos (14/03/2003 - Dia mundial da poesia)
2 comentários:
Gracias mi amor! Besos de tu Luna
Ole, Jorgito! Que estabas inspirao!!
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