domingo, 17 de abril de 2011

Museu e Memorial da Matriz do Divino Espírito Santo

Aproveitando o inicio da Semana Santa, reproduzimos do Blog Turismo em Jaguarão, matéria sobre o acervo da Igreja Matriz do divino Espírito Santo e o recém criado Museu e Memorial. O museu ainda está em fase de implantação. 

IGREJA MATRIZ DO DIVINO ESPÍRITO SANTO: TEMPLO DA MEMÓRIA JAGUARENSE

A Igreja Matriz do Divino Espírito Santo iniciada em 1847, porém concluída somente 20 anos depois – é um dos raros templos do século XIX na região sul do Estado, a conservar integralmente as linhas gerais de seu aspecto original tanto interno quanto externo, o que lhe confere especial importância histórica, arquitetônica e artística.
Internamente, além do conjunto formado pelo altar-mor e os dois grandes altares colaterais, com seus retábulos de influência neoclássica, são também originais do século XIX:

- nas capelas laterais, dois retábulos móveis: o que abriga a imagem do Senhor Bom Jesus dos Passos, e o retábulo original de Nossa Senhora do Rosário (ocupado, atualmente, pelo Sagrado Coração de Jesus);
- conjunto de onze imagens sacras esculpidas em madeira (além de outras, do século XX, em diferentes materiais) e seus respectivos complementos, como coroas e resplendores em prata, executados com várias técnicas de ourivesaria;
- a pia batismal, em diferentes variedades de mármore, com belo trabalho de escultura em forma de cabeças de querubins, em torno da bacia.

- o gradil da capela do batistério, em ferro batido, com detalhes em fundição;
- duas raras eças, enormes móveis desmontáveis, empregados, outrora, para representar o esquife nas cerimônias de “absolvição dos defuntos”, após a missa fúnebre por ocasião do sétimo dia, trigésimo e aniversário, assim como para a Novena das Almas, celebrada nos dias consecutivos à comemoração de Finados, em novembro;
- dois cadeirões de braços que consta terem pertencidos ao palácio do ditador Solano López, trazidos como troféu da Guerra do Paraguai (1864 – 1870);

- amplo acervo-documental, especialmente o relacionado às antigas irmandades leigas.
Apesar disso, em épocas diversas, esse patrimônio foi objeto de várias intervenções indevidas, citando-se dentre elas:
-a arquitetura do retábulo-mor foi adulterada pela remoção de degraus superiores do camarim, a fim de possibilitar a instalação do atual Ostensório do Divino Espírito Santo, em metal, que substituiu o original-esculpido em madeira, em estilo barroco tardio, dourado e policromado (atualmente conservado no Instituto Histórico e Geográfico);
- foram emparedados dois nichos cavados na alvenaria, que ladeavam o arco cruzeiro;
- a pia batismal foi removida de seu lugar original no batistério;
- todos os altares sofreram sucessivas repinturas, sendo empregados materiais indevidos e cobrindo-se a primitiva policromia, que imitava mármores de várias cores, bem como o douramento original; a mesa do altar-mor também foi separada do respectivo retábulo e sacrário;
- também a maioria das imagens sacras sofreu restauro inadequado em geral ocultando ou desfigurando o “estofamento” das vestes das mesmas, executado, originalmente, com minuciosas técnicas de policromia e douramento. Algumas imagens foram também deslocadas de seus altares originais;

- o acervo documental necessita de tratamento e acondicionamento tecnicamente adequado, por seu grande valor como fonte de dados para a pesquisa científica.




A recuperação e preservação desse conjunto patrimonial através da criação do Museu e do Memorial da Matriz do Divino Espírito Santo, é uma iniciativa que, para chegar a tempo necessita do apoio de todos cidadãos jaguarenses conscientes da importância dessa parcela da memória e da identidade local.



Texto: Jonas Klug da Silveira

O Museu foi inaugurado em janeiro de 2011.
Abaixo,  algumas imagens:

MÁQUINA MANUAL DE FABRICAR HÓSTIAS, EM FERRO FUNDIDO,DATADO DE 1906, MARCA H. KISSING,
 PROVAVELMENTE BELGA (CEDIDA PELA COMUNIDADE SÃO VICENTE DE PAULO)

CORTADOR DE HÓSTIAS GRANDES - PERTENCEU AS IRMÃS FRANCISCANAS

SÃO RAIMUNDO NONATO: IMAGEM DE VESTIR EM MADEIRA POLICROMADA. 
PERTENCEU À IRMANDADE  NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO

URNA OU "SEPULCRO". USADA PARA DEPOSITAR A ÂMBULA COM O SANTÍSSIMO SACRAMENTO NA NOITE DE QUINTA-FEIRA SANTA AO SÁBADO DE ALELUIA. DOADA POR DAVID MORTIMER GOULART, EM 1901.

MISSAL PRÓPRIO DA ORDEM DOS CÔNEGOS PREMONSTRATENSES, FUNDADORES DO ANTIGO GINÁSIO ESPÍRITO SANTO.
EDIÇÃO DE 1736, TOTALMENTE ILUSTRADO COM TÉCNICA DE GRAVURA EM METAL.

SÃO PIO X
PAPA CRIADOR DA DIOCESE DE PELOTAS (1910).
BUSTO EM GESSO, CONTEMPORÂNEO, ASSINADO "PAUL NELSON". 
PROVÁVEL MANUFATURA BELGA, TRAZIDA PELOS CÔNEGOS PREMONSTRATENSES.


DALMÁTICAS DIVERSAS.
PARAMENTO USADO PELO DIÁCONO, NA MISSA, SOBRE A ALVA E A ESTOLA 
SEMELHANTE À CÁSULA, PORÉM COM MANGAS

CARTA PATENTE


Um comentário:

Juliana disse...

A ideia de preservação é sempre uma iniciativa que devemos louvar.
Entretanto, quando se preserva qualquer bem este deve estar disponível para consulta da população.
Isso não vem ocorrendo com o acervo do Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão que está proibindo alguns pesquisadores de acessar os documentos contidos nele, impossibilitando a feitura de pesquisas acadêmicas... É uma lástima!

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