Midnigthcowboy não é um filme de mocinho. Era assim que classificávamos os filmes nos anos 60, de espada, de romanos, de amor (chatíssimos), de aventura, de ficção, de terror, os franja verde (só para homens e para maiores de 18 anos) e outras tantas modalidades, que você meu caro leitor e cinéfilo da época deve lembrar . Vos falo do Cine Regente , do cine Teatro Esperança e do viejo Cine rio Branco.
Pois este Midnightcowboy fez história. Duas performances fantásticas: Joe Buck, encarnado por Jon Voight, o texano lavador de pratos que resolve se mandar para o leste, trajetória contrária à dos antigos pioneiros, em busca de vida fácil. O Éden para Joe é Nova York, uma Babilônia americana, onde as mulheres ricas pagam e imploram por belos espécimes masculinos a la Gary Cooper.
A sequencia inicial mostra o protagonista vestindo os atavios de cowboy, chapéu texano, bota, jaqueta de zebu com tiras, calça jeans, mala de couro de vaca holandesa e um rádio de pilha. Como se fora atração circense entrando no picadeiro, uma figura que já não existe mais. No camarim, o espelho reflete sua boa pinta na qual se fia de fazer sucesso como garoto de aluguel.
Na viagem, vamos sabendo que Joe Buck carrega muitos traumas e pesadelos que formam sua personalidade e motivam seu desejo de fugir dessa Texas repressora e conservadora.
Como um Quijote às avessas, ele vai precisar de um Sancho Pança também as avessas. Essa figura é o personagem Rico Rizzo ( a quem todos chamam de Ratso para seu furor), o coxo, interpretado pelo Dustin Hoffman. Às avessas por magro, espertíssimo e morador de rua. Um larápio de pequenos furtos.
O cowboy da Meia Noite vai ver que as coisas não eram tão fáceis como pensava. Como os desgarrados do campo que se juntam pelo cais do porto, pelas calçadas, Joe e Ratso vão perambulando pelos becos ,em prédios abandonados, tentando sobreviver.
Everybody's talking at me,
I don't hear a word they're saying,
Only the echoes of my mind
Não sei o que dizem de mim, somente os ecos de suas vozes em minha mente, na voz de Harry Nilson, a canção tema deste filme antológico. A saída, a saída é fugir novamente. O escape era para o leste, para nova York. Agora é para o Sul, escapando do mortal frio, para Miami.
Get out a town,
Deixe a cidade cowboy! O final é emocionante e demonstra que a solidariedade e amizade são os grandes valores deste Mocinho que tentou vender seu corpo, ou o corpoimagemmasculina dos cowboys, sem pistola e sem cavalo, e sem rádio de pilha - seu bem mais precioso e que teve de ser empenhado. E isto num país governado pelo individualismo e pela competição, com as empresas que fazem da guerra sua atividade mais lucrativa.
Da mesma maneira que em qualquer romance de formação, os chamados bildungsroman, esta é uma obra que mostra uma trajetória traumática de aprendizagem e autosuperação. Em suma é um filme, ainda e sempre, muito atual.
A direção é do inglês John Schlesinger sobre roteiro baseado em obra de James Leo Herlihy. Trilha sonora genial com direção de Jonh Barry. O tema central, "Everybody's talkin'", cantado por Harry Nilsson é famoso e já foi regravada várias vezes por outros interpretes. Depois de ver o filme você vai sair assobiando essa canção. A gaita de Toots Thielemans, na música chamada "Midnight Cowboy", bluzeia pela noite de Nova Iork.
Afinal, filme de Mocinho, Drama, Comédia? Venha conferir conosco no cineclube desta quinta feira, 19:30 na Casa de Cultura.
Para espantar o frio será servido um quentão! A beberagem está sendo preparada pelo Poeta da Meia Lua! Compareça!
Veja clicando AQUI mais um interessante artigo sobre o Perdidos na Noite.
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George Steps and Sergei Baptiste
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